"O justo é como árvore plantada à beira de águas correntes, perto da Fonte. Porque está plantado assim, ele dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que faz prospera. Ele é teimosamente abençoado por Deus. A olhos vistos".

Divulgo, aqui no blog, algumas reflexões. Não são textos acabados e sempre estou aberto ao diálogo!

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Iuvenescit Ecclesia

Pintura de Gian Francesco Barbieri (séc. XVI), intitulado
"São Pedro chora diante da Virgem Maria"
Foi divulgado pela Congregação para a Doutrina da Fé a apresentação do documento "Iuvenescit Ecclesia" ("Rejuvenesce a Igreja") - IE - que se dará no próximo dia 14 de junho (terça-feira). O documento será dirigido aos bispos e terá como tema as relações necessárias entre a hierarquia e as novas expressões eclesiásticas (Movimentos Eclesiais, Comunidades, Associações etc.). 

Os Novos Movimentos Eclesiais (e estas novas expressões) carregam este adjetivo (“novo”) pelo simples fato de que a maioria deles teve seu início após o Concílio Vaticano II. Alguns, porém, ainda que fundados em anos anteriores, viram seu florescimento no período pós-conciliar, principalmente a partir da década de 80. O adjetivo “novo” quer também designar que carregam em si uma novidade em relação à vida consagrada existente na Igreja até então. Muitas vezes são comparados às ordens mendicantes surgidas na Idade Média. 

No pontificado de João Paulo II que estas novas expressões eclesiásticas (e aqui incluímos as Associações de Leigos e as Novas Comunidades) encontraram um apoio significativo de suas atividades e se desenvolveram nos níveis local, regional e internacional. O magistério de João Paulo II (bem como o de Bento XVI) está permeado de incentivos ao desenvolvimento destas novas expressões e de exortações para que as Igrejas locais propiciem a acolhida das mesmas. Cardeal Stanislaw Rylko, presidente do Conselho Pontifício para os Leigos, ao fazer a apresentação no site do elenco oficial dos Novos Movimentos Eclesiais e Associações, assim se expressa:

O papa [João Paulo II] vê nos Movimentos um dos frutos mais significativos da primavera da Igreja que eclodiu com o Concílio Vaticano II, um “motivo de esperança para a Igreja e para os homens” de nosso tempo, uma obra do Espírito que constitui a Igreja como abundância de vida nova, que flui na história dos homens. Em um mundo cada vez mais secularizado, onde a fé é colocada à dura prova e muitas vezes é abafada ou enfraquecida, os Movimentos e as Comunidades Novas, portadoras de uma novidade inesperada e impactante, são a “resposta suscitada pelo Espírito Santo a este dramático desafio do fim do milênio, (uma) resposta providencial”. No pensamento de João Paulo II, uma etapa rica de expectativa e esperança se abre diante das associações leigas na Igreja.

De acordo com este Documento (IE), estas expressões eclesiásticas são responsáveis por "rejuvenescer" a Igreja, mas também a hierarquia (segundo o mesmo Documento) tem esta responsabilidade. IE será uma palavra de Francisco (ainda que o Documento seja de responsabilidade da Congregação para a Doutrina da Fé) a respeito desta realidade. 

Como destaca o cardeal Müller (na reportagem do site Religion en Libertad) dois pontos são importantes para a compreensão e o diálogo entre a hierarquia e estas novas formas eclesiais - a autorreferencialidade e a profecia.

A organização eclesial que se colocar como a última instância de discernimento e governo correrá o risco de caminhar em paralelo às estruturas já existentes e aos pastores já designados para o exercício de autoridade.

Pode-se cair em outro extremo que é a perda do caráter profético e carismático próprio destas expressões que surgem como sopro soberano e inaudito do Espírito Santo.

Para aqueles que desejarem uma palavra da CNBB a respeito desta realidade que será tratada, agora, no magistério eclesial, segue o link do Subsídio 03: Igreja particular, movimentos eclesiais e novas comunidades, disponível no próprio site da CNBB para download. Valerá a pena fazer um estudo comparativo do processo de integração destas realidades, desde a data deste documento da CNBB (2010) até o presente momento.



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