Muitos estão compartilhando uma "notícia" de que a polícia francesa teria invadido uma igreja em Paris no meio de uma missa e tirado os fieis que lá estavam.
Bem, de certa forma sim. As fotos e filmagens estão aí, não é?
Mas o processo é bem mais complexo...
A Igreja Santa Rita na cidade de Paris (França) era de responsabilidade da Igreja galicana (de origem francesa) e que não está submetida ao Papa e, portanto, não está em comunhão com a Igreja Católica. Até novembro de 2014 a igreja era de responsabilidade do arcebispo Dominique Philippe e era reconhecida por realizar uma bênção especial de animais - vinham camelos, zebras, pôneis, cachorros, gatos etc.
A situação dos templos na França é bastante interessante também, ao contrário de outros países, eles pertencem normalmente ao Estado, porém alguns deles podem ter sido adquiridos por associações, pessoas físicas ou mesmo a comunidade de fieis local. No caso da igreja Santa Rita quem detinha a propriedade era uma associação belga. Esta associação solicitou a retomada do imóvel para venda. A igreja galicana havia tentado arrecadar o valor para a compra do imóvel - 3.300.000 euros! Não conseguiram. Houve interesse também da Igreja libanesa e dos ortodoxos da Líbia em adquiri-la.
O imóvel foi desocupado pela Igreja galicana e em seguida foi invadida por um grupo que se autodenomina "'14 juillet" (14 de julho - dia da Revolução Francesa). Este grupo pertence à Fraternidade Sacerdotal São Pio X - mais conhecidos como discípulos de Monsieur Lefebvre. A Associação belga, desde então, solicitou a desocupação do imóvel na justiça, porém não o receberam.
Hoje pela manhã, cientes de que haveria a reintegração de posse do imóvel por meio de força policial, organizaram uma missa logo cedo. Aí aconteceram as cenas que foram divulgadas.
Segundo - a situação dos templos cristãos na França (também na Europa como um todo) é um assunto muuuuito complexo!
Terceiro - O grupo que lá estava não estava lá em nome da Igreja Católica e resistiram à entregar o imóvel aos donos.
Quarto - Há sim especulação imobiliária movendo os interesses dos proprietários dos templos cristãos na França - porém, se o Estado não fosse o mantenedor destes templos, com certeza muitos e muitos mais já teriam sido fechados (vide o caso de Québec).
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