- Mestre, às vezes tenho uma sensação de estar perdido. Vejo muitas e belíssimas igrejas por todos os lados. São vários os estilos - bizantino, românico, gótico, barroco, moderno etc. Templos lindíssimos, com obras de arte, ícones, esculturas, cálices, vitrais, colunas, tantas belezas, tantas histórias, um patrimônio inestimável. Não há quem não se encante ao entrar nestes lugares. Além deles, seminários, conventos, mosteiros, palácios episcopais, capelas, edifícios curiais.
Eu fico em dúvidas - estes lugares são a Igreja? Onde está a Igreja? Será que nós, os cristãos, precisamos de tudo isso, de verdade? Qual é o custo de termos de carregar todo este patrimônio? Quem, de verdade, precisa de tudo isso?
São dúvidas, Mestre, que compartilho com o senhor, pois sei que me entenderá. Sei que do ponto de vista arquitetônico, histórico, artístico todas estas coisas são formidáveis e, como já disse, inestimáveis, mas minha angústia se refere à necessidade de se manter tudo isso, de proteger, de se vincular, das relações de poder que advém da propriedade. Espero não estar sendo impertinente, Senhor, nem tampouco descrente. Acredito, porém, que a Igreja é muito mais do que isso e, além de não depender de todas estas coisas, elas mesmas como que paralisam a própria vida comunitária e missionária.
Vejo tantas comunidades vivas que se reúnem nas casas, nas praças, nos prédios, em tantos lugares. Sei também que é a Eucaristia que faz a Igreja (assim como é a Igreja que faz a Eucaristia) e ela é presença Sua entre nós. Precisamos dela, vivemos dela, é ela a fonte da Igreja. Mas do templo também? Da construção, do patrimônio? Não sei... Fico em dúvida... Mestre...
- "Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração" (Mt 6,19-21).
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