Qual é a forma que os Cardeais utilizarão para a votação?
Historicamente houve três formas
de eleição:
Por aclamação – há a
apresentação de um nome e todos consentem de forma unânime;
Por compromisso – Caso não
houvesse dois terços de votos dos eleitores, após várias votações, o Colégio
dos Cardeais escolheria um ou vários eleitores que selecionariam um candidato e
os demais necessariamente aceitariam esta escolha;
Por votos apurados – os cardeais
eleitores votam secretamente em seus candidatos
É somente esta última modalidade
que vigora atualmente nos Conclaves.
Quantos votos são necessários para que um novo Papa seja eleito?
Dois terços dos votos dos Cardeais
que estarão presentes no Conclave.
Quantas votações acontecerão?
Bom, se na primeira votação, que
ocorrerá na tarde do início do Conclave, algum nome receber o necessário para a
votação, então apenas uma. Mas não há limite (a princípio) de quantidades de
votações. Estas acontecerão sempre duas vezes de manhã e duas vezes à noite –
até atingir-se este percentual.
Os Cardeais votam de forma eletrônica?
Não. Cada Cardeal eleitor
receberá uma ficha de voto retangular que estará escrito, na parte superior, a
seguinte frase: Eligo in Summum
Pontificem (“Eu escolho como Sumo Pontífice”) e na metade inferior estará
em branco para escrever o nome do escolhido. Cada Cardeal eleitor receberá duas
ou três fichas como esta, como reserva, caso rasure. Após escrever o nome de
seu escolhido, a ficha será dobrada na metade.
Quem irá coordenar esta eleição?
Existem três funções, cada qual
com três membros, que terão seus nomes sorteados entre os Cardeais eleitores.
Este sorteio é realizado pelo último Cardeal Diácono. São estas as funções:
Escrutinadores – que terão
a função de contar os votos no término da votação, abrirão cada uma das fichas,
e, passando o voto pela mãos de dois deles, entregarão ao terceiro Escrutinador
que lerá em voz alta o voto e anotará o nome em uma ficha de apuração.
Infirmarii – encarregados de recolher os votos nos
leitos dos Cardeais enfermos com uma caixa própria para esta tarefa, que será
fechada à chave e esta chave permanecerá no altar enquanto os Infirmarii recolherão os votos.
Revisores – Acompanharão o
controle das fichas de votação e as anotações dos Escrutinadores.
É verdade que os votos são depositados em um cálice sobre um altar?
A Constituição (já citada
anteriormente) não fala de cálice, mas de recipiente que estará coberto com um
prato para receber as fichas de votação.
Como é a ação do voto em si?
Chamada propriamente de
escrutínio, começa com cada Cardeal eleitor (por ordem de precedência), tendo
já escrito e dobrado a sua ficha de votação, aproximando-se do altar, com a ficha
em sua mão levantada de forma visível, deposita a ficha no prato e então a
introduz no recipiente. Diante do altar pronuncia o seguinte juramento:
“Invoco como testemunha Cristo Senhor, o qual me há de julgar, que o
meu voto é dado àquele que, segundo Deus, julgo deve ser eleito”.
Após este juramento o Cardeal faz
uma inclinação ao altar e retorna ao seu lugar.
É permitido que os Cardeais eleitores tomem nota dos votos que forem
sendo lidos pelos Escrutinadores?
Sim, podem fazê-lo em uma folha
apropriada para isto, mas que deverá ser queimada com as fichas de votação ao
final da sessão.
Então não existe registro nenhum dos votos que os eleitos recebem nas
votações?
Existe sim. O Cardeal Camerlengo
deverá fazer um relatório ao final da eleição, contendo os resultados de cada
uma das sessões. Este relatório deverá ser aprovados pelos três Cardeais
Assistentes e entregue ao Papa que guardará no arquivo respectivo de forma
sigilosa e não poderá ser aberto por ninguém que não tenha sido autorizado
explicitamente pelo Sumo Pontífice.
O que são a fumaça preta e a fumaça branca que aparecem na Praça de São
Pedro durante o Conclave?
Após a sessão de votação (única
na primeira tarde e dupla nos demais períodos) as fichas de votação, juntamente
com os papéis de anotação de votos – dos Escrutinadores e dos Cardeais
eleitores que eventualmente tomaram nota – são queimadas. Caso não tenha havido
ninguém que tenha recebido dois terços dos votos, estes papéis são colocados
com palha seca, gerando, portanto uma fumaça negra, que indicará aos fieis que
estarão aguardando a eleição, que não temos um Papa ainda. E se, porém, alguém
obteve o número de dois terços dos votos, os papéis são queimados sem a palha
seca e produzirão fumaça branca – já temos um Papa!
Quanto tempo demora um Conclave?
Até a eleição, aceitação e
proclamação do novo Papa. Este tempo poderá ser desde um dia apenas (caso haja
os dois terços dos votos direcionados a uma pessoa logo na primeira sessão),
como poderá ser de vários dias.
Somente um Cardeal eleitor poderá ser eleito Papa?
Em teoria, não. Qualquer um
(leigo, diácono, presbítero, bispo ou cardeal) poderá ser eleito Papa (que, não
sendo bispo, deverá ser ordenado imediatamente após a sua aceitação), inclusive
de qualquer lugar do mundo e de qualquer ritual litúrgico, ainda que isto seja
muitíssimo raro, pois a escolha recairá, quase que invariavelmente, entre os
Cardeais eleitores.
Fica autorizada a reprodução integral deste post, desde que citada a fonte conforme texto a seguir:
RAUTMANN, Robert. Sé Apostólica Vacante e Eleição do Papa - passo a passo (3). Disponível em: http://robertccj.blogspot.com.br/2013/02/se-apostolica-vacante-e-eleicao-do-papa_23.html
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