"O justo é como árvore plantada à beira de águas correntes, perto da Fonte. Porque está plantado assim, ele dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que faz prospera. Ele é teimosamente abençoado por Deus. A olhos vistos".

Divulgo, aqui no blog, algumas reflexões. Não são textos acabados e sempre estou aberto ao diálogo!

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Sé Apostólica Vacante e Eleição do Papa - passo a passo (3)


Qual é a forma que os Cardeais utilizarão para a votação?
Historicamente houve três formas de eleição:
Por aclamação – há a apresentação de um nome e todos consentem de forma unânime;
Por compromisso – Caso não houvesse dois terços de votos dos eleitores, após várias votações, o Colégio dos Cardeais escolheria um ou vários eleitores que selecionariam um candidato e os demais necessariamente aceitariam esta escolha;
Por votos apurados – os cardeais eleitores votam secretamente em seus candidatos
É somente esta última modalidade que vigora atualmente nos Conclaves.

Quantos votos são necessários para que um novo Papa seja eleito?
Dois terços dos votos dos Cardeais que estarão presentes no Conclave.

Quantas votações acontecerão?
Bom, se na primeira votação, que ocorrerá na tarde do início do Conclave, algum nome receber o necessário para a votação, então apenas uma. Mas não há limite (a princípio) de quantidades de votações. Estas acontecerão sempre duas vezes de manhã e duas vezes à noite – até atingir-se este percentual.

Os Cardeais votam de forma eletrônica?
Não. Cada Cardeal eleitor receberá uma ficha de voto retangular que estará escrito, na parte superior, a seguinte frase: Eligo in Summum Pontificem (“Eu escolho como Sumo Pontífice”) e na metade inferior estará em branco para escrever o nome do escolhido. Cada Cardeal eleitor receberá duas ou três fichas como esta, como reserva, caso rasure. Após escrever o nome de seu escolhido, a ficha será dobrada na metade.

Quem irá coordenar esta eleição?
Existem três funções, cada qual com três membros, que terão seus nomes sorteados entre os Cardeais eleitores. Este sorteio é realizado pelo último Cardeal Diácono. São estas as funções:
Escrutinadores – que terão a função de contar os votos no término da votação, abrirão cada uma das fichas, e, passando o voto pela mãos de dois deles, entregarão ao terceiro Escrutinador que lerá em voz alta o voto e anotará o nome em uma ficha de apuração.
Infirmarii – encarregados de recolher os votos nos leitos dos Cardeais enfermos com uma caixa própria para esta tarefa, que será fechada à chave e esta chave permanecerá no altar enquanto os Infirmarii recolherão os votos.
Revisores – Acompanharão o controle das fichas de votação e as anotações dos Escrutinadores.

É verdade que os votos são depositados em um cálice sobre um altar?
A Constituição (já citada anteriormente) não fala de cálice, mas de recipiente que estará coberto com um prato para receber as fichas de votação.

Como é a ação do voto em si?
Chamada propriamente de escrutínio, começa com cada Cardeal eleitor (por ordem de precedência), tendo já escrito e dobrado a sua ficha de votação, aproximando-se do altar, com a ficha em sua mão levantada de forma visível, deposita a ficha no prato e então a introduz no recipiente. Diante do altar pronuncia o seguinte juramento:
“Invoco como testemunha Cristo Senhor, o qual me há de julgar, que o meu voto é dado àquele que, segundo Deus, julgo deve ser eleito”.
Após este juramento o Cardeal faz uma inclinação ao altar e retorna ao seu lugar.

É permitido que os Cardeais eleitores tomem nota dos votos que forem sendo lidos pelos Escrutinadores?
Sim, podem fazê-lo em uma folha apropriada para isto, mas que deverá ser queimada com as fichas de votação ao final da sessão.

Então não existe registro nenhum dos votos que os eleitos recebem nas votações?
Existe sim. O Cardeal Camerlengo deverá fazer um relatório ao final da eleição, contendo os resultados de cada uma das sessões. Este relatório deverá ser aprovados pelos três Cardeais Assistentes e entregue ao Papa que guardará no arquivo respectivo de forma sigilosa e não poderá ser aberto por ninguém que não tenha sido autorizado explicitamente pelo Sumo Pontífice.

O que são a fumaça preta e a fumaça branca que aparecem na Praça de São Pedro durante o Conclave?
Após a sessão de votação (única na primeira tarde e dupla nos demais períodos) as fichas de votação, juntamente com os papéis de anotação de votos – dos Escrutinadores e dos Cardeais eleitores que eventualmente tomaram nota – são queimadas. Caso não tenha havido ninguém que tenha recebido dois terços dos votos, estes papéis são colocados com palha seca, gerando, portanto uma fumaça negra, que indicará aos fieis que estarão aguardando a eleição, que não temos um Papa ainda. E se, porém, alguém obteve o número de dois terços dos votos, os papéis são queimados sem a palha seca e produzirão fumaça branca – já temos um Papa!

Quanto tempo demora um Conclave?
Até a eleição, aceitação e proclamação do novo Papa. Este tempo poderá ser desde um dia apenas (caso haja os dois terços dos votos direcionados a uma pessoa logo na primeira sessão), como poderá ser de vários dias.

Somente um Cardeal eleitor poderá ser eleito Papa?
Em teoria, não. Qualquer um (leigo, diácono, presbítero, bispo ou cardeal) poderá ser eleito Papa (que, não sendo bispo, deverá ser ordenado imediatamente após a sua aceitação), inclusive de qualquer lugar do mundo e de qualquer ritual litúrgico, ainda que isto seja muitíssimo raro, pois a escolha recairá, quase que invariavelmente, entre os Cardeais eleitores.


Fica autorizada a reprodução integral deste post, desde que citada a fonte conforme texto a seguir:

RAUTMANN, Robert. Sé Apostólica Vacante e Eleição do Papa - passo a passo (3). Disponível em: http://robertccj.blogspot.com.br/2013/02/se-apostolica-vacante-e-eleicao-do-papa_23.html

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