"O justo é como árvore plantada à beira de águas correntes, perto da Fonte. Porque está plantado assim, ele dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que faz prospera. Ele é teimosamente abençoado por Deus. A olhos vistos".

Divulgo, aqui no blog, algumas reflexões. Não são textos acabados e sempre estou aberto ao diálogo!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Barcos, tempestades e renúncia


[...] no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; [...] (Da Declaração de Renúncia de Bento XVI).

Deixo aqui alguns pensamentos estimulados pela reflexão oferecida pelo Pe. Leandro – Provincial dos padres Marianos do Brasil em sua homilia do primeiro Domingo da Quaresma.

Pe. Leandro alertava que ao contrário do que os meios de comunicação estavam alardeando de que a “Barca de Pedro” estava soçobrando em meio a crises, culminando com a renúncia papal, a Igreja estava navegando segura e firme na direção de Jesus Cristo.

Isso me lembrou da passagem em que os apóstolos estavam no barco que atravessava o Mar de Tiberíades (Mt 8,23-27; Mc 4,35-41; Lc 8,22-25), juntamente com Jesus que dormia. Atormentados pela grande tempestade que assolou contra o barco, os apóstolos apelam para Jesus – chamam o Mestre - que, após reprovar a falta de fé de seus discípulos, acalma com sua palavra o vento e o mar. É uma passagem bastante conhecida pelos que levam a vida de fé seriamente. Como eu a vejo comparada aos acontecimentos atuais da Igreja?
Os apóstolos desta passagem eram exímios pescadores e, por razão deste ofício, também navegadores profissionais. Conheciam aquele o Mar de Tiberíades como a palma da própria mão. Já haviam visto (muito provavelmente) tempestades, grandes ondas e outras mudanças naturais. Aquela era só mais uma travessia. Medo do mar? Não, nunca!
Porém aquela não foi “apenas uma travessia”. Algo estava preparado para eles durante sua pequena viagem. Os navegadores destemidos são tomados pelo medo (cfe. Admoestação do próprio Jesus em Mt 8,26) e ignorantes naquilo que deveriam fazer, acordam o Mestre e pedem por salvação.

Durante o encontro do Papa com os jovens no estádio do Pacaembu, em São Paulo, quando o cantor Eugênio Jorge cantava aquela música conhecida “Ninguém te ama como eu”, experimentei uma sensação incrível! A Igreja estava lá, toda reunida – clero, leigos, religiosos; cardeais, bispos, padres, diáconos, consagrados e consagradas, homens, mulheres, crianças e idosos – com o Papa! E qual foi a sensação? De ufanismo e de grandiosidade? Não! Mas de uma confiança de que todos nós estávamos submetidos a Deus! Era Ele quem estava nos conduzindo! Era diante dEle que nos reuníamos e adorávamos! Por um momento acontecia a palavra de Paulo – “Aí não há mais grego e judeu, circunciso e incircunciso, bárbaro, cita, escravo, livre, mas Cristo é tudo em todos. (Cl 3,11)”.

Bento XVI é Pedro hoje. É ele, experiente pescador que está à frente da Barca. Dentro estamos todos nós. O mar anda muito agitado, aliás, mais agitado do que em outras tempestades. Todos nós estamos preocupados e temerosos. Mas estamos juntos! E Pedro, com sua atitude ousada, às vezes incompreendida, decide que não irá mais conduzir a Barca. Está desistindo? Não, está chamando o Mestre! Todos nós estamos olhando para ele que fala com o Mestre. Está acordando o Mestre. Jesus levanta-se, repreende-nos e ordena que a tempestade cesse.
O próprio Bento XVI reconhece que está diante de um desafio além de suas forças. Conduzir a barca de Pedro atualmente é desafio hercúleo. Aliás, não acredito que outro Papa conseguirá. Não sozinho. É por isto que, apesar de todas as capacidades intelectuais, de diálogo, de governo, de cordialidade, de Joseph Ratzinger, precisa renunciar.

É assim que eu vejo a atitude de Bento XVI. A sua renúncia não é um abandono da Barca, mas é uma súplica ao Mestre que nos socorra. E o Senhor virá! Pois é esta a hora em que “O Espírito e a Esposa dizem: ‘Vem!’ Que aquele que ouve diga também: ‘Vem!’ (Ap 22,17)

Maranatha Senhor Jesus!



Fica autorizada a reprodução integral deste post, desde que citada a fonte conforme texto a seguir:


RAUTMANN, Robert. Barcos, tempestades e renúncia. Disponível em:
http://robertccj.blogspot.com.br/2013/02/barcos-tempestades-e-renuncia.html

Um comentário:

Karina Bastos disse...

Partilhamos do mesmo sentimento Robert!