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no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande
relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o
Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; [...]
(Da Declaração de Renúncia de Bento XVI).
Deixo aqui alguns
pensamentos estimulados pela reflexão oferecida pelo Pe. Leandro – Provincial
dos padres Marianos do Brasil em sua homilia do primeiro Domingo da Quaresma.
Pe. Leandro alertava que ao
contrário do que os meios de comunicação estavam alardeando de que a “Barca de
Pedro” estava soçobrando em meio a crises, culminando com a renúncia papal, a
Igreja estava navegando segura e firme na direção de Jesus Cristo.
Isso me lembrou da passagem
em que os apóstolos estavam no barco que atravessava o Mar de Tiberíades (Mt
8,23-27; Mc 4,35-41; Lc 8,22-25), juntamente com Jesus que dormia. Atormentados
pela grande tempestade que assolou contra o barco, os apóstolos apelam para
Jesus – chamam o Mestre - que, após reprovar a falta de fé de seus discípulos,
acalma com sua palavra o vento e o mar. É uma passagem bastante conhecida pelos
que levam a vida de fé seriamente. Como eu a vejo comparada aos acontecimentos
atuais da Igreja?
Os apóstolos desta passagem
eram exímios pescadores e, por razão deste ofício, também navegadores
profissionais. Conheciam aquele o Mar de Tiberíades como a palma da própria
mão. Já haviam visto (muito provavelmente) tempestades, grandes ondas e outras
mudanças naturais. Aquela era só mais uma travessia. Medo do mar? Não, nunca!
Porém aquela não foi “apenas
uma travessia”. Algo estava preparado para eles durante sua pequena viagem. Os
navegadores destemidos são tomados pelo medo (cfe. Admoestação do próprio Jesus
em Mt 8,26) e ignorantes naquilo que deveriam fazer, acordam o Mestre e pedem
por salvação.
Durante o encontro do Papa
com os jovens no estádio do Pacaembu, em São Paulo, quando o cantor Eugênio
Jorge cantava aquela música conhecida “Ninguém te ama como eu”, experimentei
uma sensação incrível! A Igreja estava lá, toda reunida – clero, leigos,
religiosos; cardeais, bispos, padres, diáconos, consagrados e consagradas,
homens, mulheres, crianças e idosos – com o Papa! E qual foi a sensação? De
ufanismo e de grandiosidade? Não! Mas de uma confiança de que todos nós
estávamos submetidos a Deus! Era Ele quem estava nos conduzindo! Era diante
dEle que nos reuníamos e adorávamos! Por um momento acontecia a palavra de
Paulo – “Aí não há mais grego e judeu,
circunciso e incircunciso, bárbaro, cita, escravo, livre, mas Cristo é tudo em
todos. (Cl 3,11)”.
Bento XVI é Pedro hoje. É
ele, experiente pescador que está à frente da Barca. Dentro estamos todos nós.
O mar anda muito agitado, aliás, mais agitado do que em outras tempestades.
Todos nós estamos preocupados e temerosos. Mas estamos juntos! E Pedro, com sua
atitude ousada, às vezes incompreendida, decide que não irá mais conduzir a
Barca. Está desistindo? Não, está chamando o Mestre! Todos nós estamos olhando
para ele que fala com o Mestre. Está acordando o Mestre. Jesus levanta-se,
repreende-nos e ordena que a tempestade cesse.
O próprio Bento XVI
reconhece que está diante de um desafio além de suas forças. Conduzir a barca
de Pedro atualmente é desafio hercúleo. Aliás, não acredito que outro Papa
conseguirá. Não sozinho. É por isto que, apesar de todas as capacidades
intelectuais, de diálogo, de governo, de cordialidade, de Joseph Ratzinger,
precisa renunciar.
É assim que eu vejo a
atitude de Bento XVI. A sua renúncia não é um abandono da Barca, mas é uma súplica
ao Mestre que nos socorra. E o Senhor virá! Pois é esta a hora em que “O Espírito e a Esposa dizem: ‘Vem!’ Que
aquele que ouve diga também: ‘Vem!’ (Ap 22,17)
Maranatha
Senhor Jesus!
Fica autorizada a reprodução integral deste post, desde que citada a fonte conforme texto a seguir:
RAUTMANN, Robert. Barcos, tempestades e renúncia. Disponível em:
http://robertccj.blogspot.com.br/2013/02/barcos-tempestades-e-renuncia.html
Um comentário:
Partilhamos do mesmo sentimento Robert!
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