Como se inicia, então, o Conclave?
No dia
estabelecido, os Cardeais eleitores irão reunir-se na Basílica de São Pedro no
Vaticano para a Missa votiva pro eligendo Papa, muito provavelmente na parte da manhã, como solicitado na
Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis.
Na parte da
tarde, em hora estipulada, realizarão uma procissão solene da Capela Paulina do
Palácio Apostólico até a Capela Sistina deste mesmo Palácio. Durante esta
procissão cantam “Veni Creator”, invocando o
auxílio do Espírito Santo.
Os Cardeais fazem algum tipo de juramento
antes do Conclave?
Sim, logo que
chegam à Capela Sistina, o Cardeal com mais tempo de cardinalato (Cardeal Godfried
Danneels *) fará a leitura da fórmula de juramento que está a seguir:
“Nós, todos e
cada um dos Cardeais eleitores, presentes nesta eleição do Sumo Pontífice,
prometemos, obrigamo-nos e juramos observar fiel e escrupulosamente todas as
prescrições contidas na Constituição Apostólica do Sumo Pontífice João Paulo
II, Universi
Dominici Gregis, emanada a 22 de
Fevereiro de 1996. De igual modo, prometemos, obrigamo-nos e juramos que quem
quer de nós, que, por divina disposição, for eleito Romano Pontífice, comprometer-se-á
a desempenhar fielmente o munus Petrinum
de Pastor da Igreja universal e não cessará de afirmar e defender estrenuamente
os direitos espirituais e temporais, assim como a liberdade da Santa Sé.
Sobretudo prometemos e juramos observar, com a máxima fidelidade e com todos,
tanto clérigos como leigos, o segredo acerca de tudo aquilo que, de algum modo,
disser respeito à eleição do Romano Pontífice e sobre aquilo que suceder no
lugar da eleição, concernente direta ou indiretamente ao escrutínio; não
violar, de modo nenhum, este segredo, quer durante quer depois da eleição do
novo Pontífice, a não ser que para tal seja concedida explícita autorização do
próprio Pontífice; não dar nunca apoio ou favor a qualquer interferência,
oposição ou outra forma qualquer de intervenção, pelas quais autoridades
seculares de qualquer ordem e grau, ou qualquer gênero de pessoas, em grupo ou
individualmente, quisessem imiscuir-se na eleição do Romano Pontífice.”
Em seguida cada
um dos Cardeais eleitores jurará com a seguinte fórmula:
“E eu, N.
Cardeal N., prometo, obrigo-me e juro, e, colocando a mão sobre o Evangelho,
acrescentará: Assim Deus me ajude e estes Santos Evangelhos, que toco com a
minha mão.”
* A função é do Decano (Cardeal Angelo Sodano)
ou na sua ausência do Vice-Decano (Cardeal Roger Etchegaray), porém ambos
ultrapassaram a idade de oitenta anos e não são mais Cardeais eleitores. A
função é delegada então ao cardeal com maior tempo de cardinalato.
O que acontece após o juramento?
O Mestre das
Celebrações Litúrgicas Pontifícias (monsenhor Guido Marini), após o último
Cardeal eleitor ter realizado o juramento pronuncia a fórmula latina extra omnes, que significa “todos fora”, alertando para
que saiam todas as pessoas estranhas ao Conclave. Permanecem na Capela Sistina
apenas os Cardeais, o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias e um eclesiástico,
antecipadamente escolhido para realizar a segunda das meditações para os
Cardeais.
Sobre o quê se trata nesta meditação?
O eclesiástico
tratará a respeito da gravidade da missão que os Cardeais terão, bem como da
necessidade de que tudo seja feito em atenção ao bem da Igreja Universal.
E após a meditação?
Saem da Capela
Sistina o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias e eclesiástico que
dirigiu a meditação, ficando apenas os Cardeais Eleitores. A porta da Capela
Sistina e fechada por aquele que faz as vezes do Decano (Cardeal Godfried Danneels).
É permitido que algum Cardeal eleitor possa
fotografar ou filmar dentro da Capela Sistina neste momento?
Em absoluto! O
Cardeal que, eventualmente, fizesse isto estaria sujeito a penas graves
decididas pelo futuro Papa.
Esta proibição vale apenas para o interior da
Capela Sistina?
Não. Não é
permitido nenhum tipo de registro desta natureza durante o Conclave, inclusive
é proibido toda e qualquer tipo de comunicação que possa ser realizada pelos
Cardeais eleitores. Dentro desta proibição incluem-se cartas, internet,
telefone. Também é proibido ouvir transmissão de rádio ou de televisão.
Isto também é proibido aos demais
participantes (funcionários e demais) do Conclave?
Sim. Qualquer
pessoa que divulgasse algo em relação àquilo que foi tratado ou decido sobre a
eleição do Pontífice incorrria em excomunhão latæ sententiæ.
Bom, este sigilo
vale apenas durante o período do Conclave, não é?
Não. O segredo sobre a eleição do Papa não pode ser violado em nenhum
tempo. Apenas o próprio Papa poderá conceder, de forma especial e explícita,
esta autorização.
Então não
poderemos saber quantos votos cada Cardeal recebeu?
Não.
Crédito das Imagens: Vaticaninsider
Fica autorizada a reprodução integral deste post, desde que citada a fonte conforme texto a seguir:
RAUTMANN, Robert. Sé Apostólica Vacante e Eleição do Papa - passo a passo (2). Disponível em:
http://robertccj.blogspot.com.br/2013/02/se-apostolica-vacante-e-eleicao-do-papa_14.html
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