A Mãe de todas as Vigílias! Não dá para descrever o que significa celebrar a Vigília Pascal! Ser iluminado pela Luz que afasta todas as trevas! Ser invadido pela alegria da vitória sobre a Morte! Reconhecer que a esperança sobrepujou o desespero!
Cristo Ressuscitou, Aleluia! Verdadeiramente Ressuscitou, Aleluia!
Ao ouvir a proclamação do Evangelho um trecho chamou-me particularmente a atenção. Vejamos:
“Quando passou o sábado, Maria Madalena e Maria, a mãe de Tiago, e Salomé, compraram perfumes para ungir o corpo de Jesus. E bem cedo, no primeiro dia da semana, ao nascer do sol, elas foram ao túmulo. E diziam entre si: ‘Quem rolará para nós a pedra da entrada do túmulo? ’” (Mc 16,1-3).
Para entender o porquê ele me chamou a atenção, coloquemo-nos no contexto da cena. Jesus havia sido condenado, torturado e morto de forma infame e desonesta. Isto havia acontecido entre quinta e sexta-feira até o por do sol. Havia chegado a Páscoa judaica e houve comemorações por toda Jerusalém. Famílias celebrando, alegrando-se. O Templo estava em plena movimentação. É claro que havia um clima de satisfação entre os chefes dos judeus que atingiram seu intento de eliminar o “desordeiro”, o “incréu”, o “agitador”. Um sábado tumultuadamente feliz... para a maioria.
Mas havia um pequeno grupo que estava desorientado, estupefato com todas as coisas que haviam ocorrido. Havia um chefe entre eles – Pedro – que certamente estava calado, afastado dos demais, com remorso, culpa. Outros se perderam na multidão, disfarçando, dissimulando.
Mas havia as mulheres! Ah, as mulheres!
Elas permaneceram no caminho da crucificação demonstrando todo seu sentimento de perda, de desconsolo. Estiveram próximas da cruz e arriscaram sua vidas ao acompanhar o cortejo fúnebre até o túmulo de Jesus.
Mas agora já estamos no domingo (o repouso sabático havia passado – tinha sido observado por elas) e o que estas mulheres fazem? Desesperam-se? Escondem-se? Disfarçam? Desistem? Fogem? Traem? Não, essas atitudes foram a dos homens (homens?)!
As mulheres não! Elas vão ao mercado, compram o necessário para realizar os ritos fúnebres que não haviam sido completados. Seguem até o túmulo de Jesus (mesmo com o claro-escuro da manhã) determinadas. Não sabem quem irá remover a pedra, mas vão do mesmo jeito! Se preciso for iriam remover a pedra! Afinal são mais fortes que ela!
Onde está o sofrimento? Ele continua, mas não se abatem! Não permanecem na dor, no desespero. Sabem que é preciso caminhar, pois a fé é caminho (e não é esperança também?). Estão destruídas interiormente, mas não titubeiam. Precisa ser feito!
Belas mulheres, lindas mulheres! O que ganham com isto? São as primeiras a testemunhar a Ressurreição! Sua fé determina seu modo de agir e não o contrário: “A fé é uma posse antecipada do que se espera, um meio de demonstrar as realidades que não se veem.” (Hb 11,1)
Mulheres fortes!
Não foi à toa que o Criador fez a nós de barro e vocês de osso! Facilmente quebramos, mas vocês são fortes!
Feliz e Santa Páscoa a todos!
Robert Rautmann, CCJ
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