"O justo é como árvore plantada à beira de águas correntes, perto da Fonte. Porque está plantado assim, ele dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que faz prospera. Ele é teimosamente abençoado por Deus. A olhos vistos".

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quarta-feira, 23 de março de 2011

Os cristãos devem ser artífices de paz e apóstolos valentes, afirmou o Papa


Na catequese da Audiência Geral de hoje, o Papa Bento XVI falou sobre São Lourenço de Brindes, Doutor da Igreja, quem com seu exemplo mostra que os cristãos devem ser artífices de paz e apóstolos bem preparados e valentes que façam brilhar o Evangelho frente ao relativismo ético e à indiferença religiosa do mundo.

Giulio Cesare Rossi -o nome no século de São Lourenço- nasceu em 1559. Aos sete anos perdeu o seu pai e sua mãe e foi confiado aos cuidados dos frades conventuais. Anos depois entra na Ordem dos Capuchinhos e é ordenado sacerdote em 1582.

Adquiriu um grande conhecimento das línguas antigas e modernas, graças ao qual "desenvolveu um intenso apostolado entre diversos tipos de pessoas", explicou o Papa. Foi além disso um pregador eficaz e conhecia muito bem não só a Bíblia, mas a literatura rabínica, "até o ponto de que os mesmos rabinos lhe demonstravam estima e respeito".

Como teólogo perito da Sagrada Escritura e dos Padres da Igreja, Lourenço de Brindes ilustrou de forma exemplar a doutrina católica também os cristãos que, sobre tudo na Alemanha, se aderiram à Reforma protestante.

"Com a sua exposição clara e calma, mostrava o fundamento bíblico e patrístico de todos os artigos de fé colocados em discussão por Martinho Lutero. Entre esses, o Primado de São Pedro e dos seus sucessores, a origem divina do Episcopado, a justificação como transformação interior do homem, a necessidade das boas obras para a salvação". 

"O sucesso de que Lourenço gozava nos ajuda a compreender que também hoje, ao levar adiante com tanta esperança o diálogo ecumênico, a relação com a Sagrada Escritura, lida na Tradição da Igreja, constitui um elemento irrenunciável e de fundamental importância".

Inclusive os fiéis mais singelos, que não possuíam uma grande cultura se beneficiaram da predicação de Lourenço que chamava a todos à coerência da vidacom a fé professada. "Esse foi um grande mérito dos Capuchinhos e de outras Ordens religiosas que, nos séculos XVI e XVII, contribuíram para a renovação da vida cristã, penetrando em profundidade na sociedade com o seu testemunho de vida e o seu ensinamento". 

"Também hoje a nova evangelização tem necessidade de apóstolos bem preparados, zelosos e corajosos, para que a luz e a beleza do Evangelho prevaleçam sobre as orientações culturais do relativismo ético e da indiferença religiosa e transformem os diversos modos de pensar e de agir em um autêntico humanismo cristão". 

Professor de teologia, mestre de noviços, ministro provincial e ministro geral da Ordem Capuchinha, Lourenço, em meio de tantos trabalhos cultivava, ademais "uma vida espiritual de ardor excepcional", recordou o Papa.

"Na escola dos santos, todo o presbítero, como tantas vezes foi sublinhado durante o recente Ano Sacerdotal, pode evitar o perigo do ativismo, isto é, de agir esquecendo as motivações profundas do ministério, somente se busca cuidar da sua vida interior", afirmou o Pontífice.

O Santo Padre ilustrou seguidamente outro aspecto característico da obra do santo, sua ação pela paz: "Tanto os Sumo Pontífices quanto os príncipes católicos lhe confiaram repetidamente importantes missões diplomáticas para dirimir controvérsias e favorecer a concórdia entre os Estados Europeus, ameaçados naquele tempo pelo Império Otomano. A autoridade moral de que gozava o tornava conselheiro procurado e escutado". 

"Hoje, como nos tempos de São Lourenço, o mundo tem necessidade de paz, tem necessidade de homens e mulheres pacíficos e pacificadores. Todos aqueles que creem em Deus devem ser sempre fontes e agentes de paz". 

Lourenço de Brindes faleceu em 1619, foi canonizado em 1881 e nomeado Doutor Apostólico em 1959 pelo Beato Papa João XXIII em reconhecimento a seus numerosos escritos de exegese bíblica e mariologia. Em suas obras evidencia também a ação do Espírito Santo na existência dos fiéis.

Finalmente o Papa assinalou que "São Lourenço de Brindes ensina-nos a amar a Sagrada Escritura, a crescer na familiaridade com ela, a cultivar cotidianamente o relacionamento de amizade com o Senhor na oração, para que toda a nossa ação, toda a nossa atividade tenha n'Ele o seu início e a sua realização".

Em sua saudação em português, Bento XVI se dirigiu aos fiéis nas seguintes palavras:

“Amados peregrinos de língua portuguesa,
a todos saúdo e dou as boas-vindas a esta Audiência! São Lourenço de Brindes nos ensina como a familiaridade com a Bíblia e a oração são essenciais para que todas as nossas ações tenham o seu início e cumprimento em Deus. Possa este ser o fundamento do vosso testemunho cristão no mundo de hoje. Que Deus vos abençoe!”

(ACI Digital)

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