O decreto ainda é secreto, mas fala claro. Assinado em 11 de março de 2011 por Dom João Braz de Aviz, Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, diz: “A Congregação, que tem o dever de intervir em tudo que é reservado à Santa Sé no que se refere à vida consagrada, ao fim da visita apostólica ad inquirendum et referendum, suprime o Mosteiro de Santa Cruz em Jerusalém, de Roma, e dispõe que os monges alí residentes se transfiram, dentro de dois meses, aos mosteiros da Congregação de São Bernardo na Itália, como determinado pelo Comissário Pontifício Dom Mauro Lepori, Abade Geral da Ordem Cisterciense”.
A notícia não é coisa pequena. A comunidade cisterciense de Santa Cruz, de fato, tem uma presença histórica em Roma. Ela reside ao lado da Basílica desde 1561, quando vieram substituir os cartuxos. Desde então, houve um aumento importante tanto de vocações como da multidão de fiéis em peregrinação para ver o que há de muito importante no recinto sagrado, as relíquias trazidas por Santa Helena, mãe do Imperador Constantino, em seu regresso de uma peregrinação ao Calvário, ou um fragmento da Cruz de Jesus, um cravo da mesma, e o titulus crucis, a tábua com a imputação formulada por Pilatos.
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Por que a decisão do Vaticano? A resposta não é fácil. Fala-se de graves abusos litúrgicos cometidos pelos monges. Diversos sites tradicionalistas na internet enviam ainda hoje na web imagens de algumas celebrações na Basílica. Na época de “A Bíblia dia e noite” [evento realizado na basílica de Santa Cruz de Jerusalém, em Roma, no outuno de 2008, transmitido pela televisão RAI, no qual, durante 6 dias, foi realizada a leitura de toda a Sagrada Escritura por pessoas famosas da sociedade italiana. Entre elas, Bento XVI e o Cardeal Tarcisio Bertone] uma irmã, Anna Nobili, se exibe em uma nova forma de dança por ela idealizada, a Holy Dance [dança santa]. Ex-cubista especializada em lap dance e dança funk, animadora por anos das noites noturnas mais transgressivas de Milão, Irmã Anna dança para Deus, sem o véu, rolando sorridente no chão nas proximidades do altar. A dança não agradou a todos no Vaticano, tanto que os refletores de algumas congregações foram voltados para a Basílica, para assistir e descobrir a que ancadorou os monges a estão levando. Mas não só de abusos litúrgicos pecam os monges. Na verdade, alguns dizem que os abusos são o crime declarado pela Santa Sé para cobrir acontecimentos mais graves. Há uma comunicão oficial do Vaticano que fala de “problemas na condução da comunidade”. Enquanto várias vozes anônimas se referem às relações de amizade “não muito ortodoxas” entre alguns monges. O que pode significar muito, mas nada também. Os rumores nesta comunidade estão na ordem do dia.
(Frates in Unum)
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