"O justo é como árvore plantada à beira de águas correntes, perto da Fonte. Porque está plantado assim, ele dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que faz prospera. Ele é teimosamente abençoado por Deus. A olhos vistos".

Divulgo, aqui no blog, algumas reflexões. Não são textos acabados e sempre estou aberto ao diálogo!

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O sentido da gratuidade é uma resposta ao mundo secularizado, diz Irmã Piccione

Cidade do Vaticano (Quarta-feira, 06-04-2011, Gaudium Press) Jesus, em sua humanidade, e todo o percurso até a cruz serão o ponto central das meditações da próxima Via Sacra no Coliseu, para cuja preparação foi convidada uma monja agostiniana do mosteiro romano dos Santos Quatro Coroados, Irmã Rita Piccione. O jornal vaticano "L'Osservatore Romano" de hoje apresenta uma longa entrevista com a religiosa. Irmã Rita é a terceira monja, depois da beneditina Anna Maria Canopi, em 1993, e da monja da comunidade protestante de Grandchamp, na Suíça, Irmã Minke de Vries, em 1995, a escrever as meditações da Via Sacra.
"Foi justamente olhando para aquela coruja, pensando na sua capacidade de ver no escuro que encontrei a chave, espero justa, para as meditações a propor. Se ela representa a noite, então é necessário buscar o rosto de Deus que ilumina também as trevas mais fechadas", responde a freira na entrevista, citando a inspiração buscada enquanto observava a notívaga ave de rapina.
"Não conseguia acreditar no que estava acontecendo justamente a mim, uma pessoa tão simples, sem nenhum título particular além daquele de um duplo grande amor:
Deus e a sua Igreja. Confesso não ter conseguido aceitar logo de imediato que estava confusa. Foi a exortação do cardeal a me fazer abandonar-me na confiança do desígnio divino e na graça para dissipar em mim qualquer resistência. Confiei-me totalmente ao Espírito", afirma a religiosa, ao relatar a sua reação ao pedido do Papa apresentado pelo Cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, para que preparasse as meditações da Via Sacra.
As meditações da próxima Via Sacra no Coliseu serão inspiradas também pela espiritualidade de Santo Agostinho, um teólogo tão importante para o Papa Bento XVI, explica Irmã Piccione.
"A presença de Agostinho - confessa a freira - antes dos textos, habita o comportamento interior que me guiou nesta experiência a partir do "sim" da aceitação. (...) Depois, a presença de Agostinho - este "bom companheiro de viagem" como o definiu o Papa na audiência do dia 25 de agosto passado - se respira no olhar dirigido à humanidade do nosso Salvador, a sua humildade; se respira no chamado, mais ou menos constante, da verdade e em algumas breves expressões do bispo de Ippona que aparecem aqui e ali no texto. Também o tema da verdade é um ponto de encontro, de sintonia, entre o Papa e Agostinho: a busca sincera da verdade levou Agostinho a Deus, o serviço da verdade sempre foi a alma do ministério de Joseph Ratzinger."
Ao escolher uma monja para preparar os textos para uma das mais famosas Vias Sacras, pode-se notar algum sinal particular do Santo Padre, que no ano passado criou o novo Dicastério para a Promoção da Nova Evangelização. Qual contribuição pode dar a vida contemplativa em um mundo marcado pela profunda secularização, a agostiniana responde: "é a gratuidade, o sentido da gratuidade. A beleza e a alegria da gratuidade".
"Porque a gratuidade não se compra: talvez justamente este bem tenha sido perdido pelo mundo secularizado, perdendo consequentemente a fonte da alegria genuína. A gratuidade do amor é a própria mensagem de Jesus na cruz: Deus demonstra o seu amor por nós no fato de que, enquanto éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. O amor não é merecido: é um dom. E quando nos deixamos alcançar, tocar por este amor, não se pode senão amar".

(Gaudium Press)

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