Ao nos depararmos com nova edição do programa Big Brother Brasil, percebemos o terreno fecundo de experiências com seres humanas que ele possibilita. Desde provas de resistência que mais parecem técnicas de tortura – ficar durante horas enfiado em sacos plásticos- até exposição midiática ininterrupta da pessoa.
Mas podem haver objeções do tipo “eles fazem porque querem!” “É um jogo, tudo está dentro das regras!” Mas a minha primeira impressão é que isso é uma nova modalidade da caixa de Skinner, onde ao invés de ratos são seres humanos sendo programados para oferecer o máximo de entretenimento aos espectadores, e justificamos tal atitude em função da felicidade que isso proporciona a ambas as partes, “ O importante é ser feliz!”
Quando assumimos essa atitude de maximizar a felicidade, o prazer, nos importamos somente com o resultado da ação e não como ela é realizada, mesmo que uma pequena parcela seja exposta a toda forma de sofrimento, seja ele mais ou menos velado, estamos cumprindo um principio utilitarista, não importa o sofrimento causado, pois esse proporcionou um grande prazer a uma enorme quantidade de indivíduos.
Assim corremos o risco de nos tornamos seres humanos centrados somente na busca incessante de prazer, e nos esquecemos que este é fugaz Nos afastamos de uma busca pela felicidade que engloba a contemplação da Verdade, da beleza, do Bem, do sagrado, que alçamos com o auxilio do outro, somos seres inter-dependentes, com ligações afetivas, intelectuais, culturais e espirituais, não podemos deixar que essa condição seja reduzida a peças de jogo.
Ir além da visão utilitarista do ser humano, abre um horizonte de solidariedade que Gadamer entende como a superação da falta de visão do outro, de diálogo, de noção de unidade e a falta de compreensão da humanidade enquanto humanidade, ela está reciprocamente vinculada durante todo o percurso da vida e na solução dos problemas que a aflige, pensar em novas soluções, resgatar a dignidade da condição humana é o desafio.
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