Membros da Igreja Batista Westboro, liderados pelo reverendo Fred Phelps, protestaram em vários funerais militares para chamar a atenção para a visão deles de que as mortes de militares americanos no Iraque e no Afeganistão são uma punição para a imoralidade dos americanos, incluindo sua tolerância com gays e a prática do aborto.
A igreja vinha sendo processada por Albert Snyder, pai de um dos soldados mortos, que esperava receber uma indenização pelo desgaste emocional causado pelos protestos.
Entretanto, por 8 votos a 1, a Suprema Corte decidiu que os protestos podem ser realizados devido à Primeira Emenda da Constituição americana, que protege a liberdade de expressão no país.
'Obrigado pelas mortes'
O filho de Albert, Matthew Snyder, foi morto no Iraque em 2006, e seu corpo voltou ao Estado americano de Maryland para o enterro, quando membros da igreja batista Westboro fizeram um protesto.
Os manifestantes marcharam com placas com os dizeres 'Obrigado, Deus, pelos soldados mortos', 'Você vai para o inferno' e 'Deus odeia os EUA/Obrigado, Deus, pelo 11 de Setembro', que forçaram o cortejo fúnebre a alterar sua rota.
Snyder entrou na Justiça em março de 2006, acusando a igreja de infligir danos emocionais intencionalmente, e ganhou o direito de receber US$ 11 milhões num julgamento em 2007, valor que foi posteriormente reduzido para US$ 5 milhões por um juiz.
O pai do soldado argumentou que o caso não era sobre liberdade de expressão, mas sobre como a igreja, baseada em Topeka (cidade no Estado do Kansas), o perturbou.
Mas um tribunal federal de recursos do Estado da Virgínia derrubou a decisão e o direito à indenização, dizendo que a Constituição respaldava os membros da igreja. O caso, então, foi para a Suprema Corte.
Primeira Emenda
Segundo o juiz da Suprema Corte John Roberts, 'o que a Wesboro disse, em todo o contexto de como e onde decidiu dizer, se aplica à 'proteção especial' sob a Primeira Emenda, e essa proteção não pode ser derrubada por um júri que achar que o protesto foi indecente', escreveu o juiz John Roberts.
Membros da igreja, liderados pelo reverendo Fred Phelps, protestaram em vários funerais militares para chamar atenção para a visão deles de que as mortes de militares americanos no Iraque e no Afeganistão são uma punição para a imoralidade dos americanos, incluindo sua tolerância com gays e a prática do aborto.
'O discurso é poderoso. Ele pode levar as pessoas à ação, fazê-las chorar de alegria e tristeza e, como fez aqui, infligir grande dor', os juízes disseram na quarta-feira.
O juiz Samuel Alito foi o único a votar contra a decisão. 'No intuito de ter uma sociedade em que questões públicas podem ser debatidas aberta e vigorosamente, não é necessário permitir a brutalização de vítimas inocentes como o requerente. Eu, portanto, respeitosamente discordo', ele escreveu.
Após a decisão, Margie Phelps, filha do reverendo e representante legal da Westboro, disse a repórteres que o caso 'pôs um megafone na boca de uma pequena igreja'.
'Nós lemos a lei. Nós seguimos a lei. A única forma de haver uma decisão diferente seria rasgando a Primeira Emenda.'
(Globo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário