"O justo é como árvore plantada à beira de águas correntes, perto da Fonte. Porque está plantado assim, ele dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que faz prospera. Ele é teimosamente abençoado por Deus. A olhos vistos".

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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Joseph Ratzinger é um teólogo de alegria e simplicidade, analisa teólogo suíço

Cidade do Vaticano (Segunda-feira, 21-02-2011, Gaudium Press) Para entender o grande pensamento de Joseph Ratzinger é necessário aprofundar-se nos seus escritos desde os primeiros até o último livro- entrevista de Peter Seewald "Luz do mundo". Essa foi a sugestão do cardeal suíço Georges Cottier, teólogo emérito da Casa Pontifícia, sexta-feira à noite, durante mais uma sessão de mesas-redondas do ciclo "As sextas-feiras de Propaganda", promovido pela Livraria Editora Vaticana (LEV).
Em clima de conversas, o purpurado falou como teólogo sobre o tema "Como ler Joseph Ratzinger". Um tema muito atual, em vista da publicação do segundo volume da obra de Bento XVI "Jesus de Nazaré".
Joseph Ratzinger é "um grande teólogo da nossa época", disse o cardeal. Para ele, nos escritos teológicos do atual Papa há reflexões e explicações sobre o magistério da Igreja, mas também sobre outros temas teológicos que vão além e abarcam suas opiniões. A "teologia - prosseguiu o cardeal - é a tentativa humana, e portanto perfectível, de indagar o mistério de Deus. O teólogo tem seu ponto de vista, pode errar e mudar de opinião. O carisma do Sucessor de Pedro, por sua vez, tem o papel de manter na Igreja a unidade e a retidão da mensagem revelada. "Joseph Ratzinger pretende reforçar isto enquanto Papa; parece uma distinção óbvia, mas acredito que tenha sido suficientemente entendida", explicou.
Cardeal Cottier afirma que é preciso ler Ratzinger sobretudo como teólogo. Os temas principais de seus escritos compreendem as análises teológico-históricas sobre Agostinho e Boaventura; as temáticas modernas, sermões, biografias e conversas. No que diz respeito às grandes temáticas presentes no pensamento teológico da bibliografia do Papa, segundo o purpurado, está principalmente a liturgia. "A liturgia é o centro da vida de Joseph Ratzinger desde sua infância. O outro tema muito desenvolvido foi a teologia fundamental, com que dá respostas aos temas sobre a essência do nosso Credo".
Na obra do cardeal Ratzinger, há temas recorrentes - continuou o cardeal Cottier - e um destes é o "divórcio" entre a fé e a razão, um tema crucial da modernidade. Já na Bíblia, na teologia cristã, em Agostinho, Tomás, há grandes pensadores na nossa tradição, pondera. "A fé foi reduzida a superstição ou sentimento, sem ter nada a ver com a verdade. O problema da nossa época é uma razão que pretende ser suficiente para si mesma e nega, ignora ou taxa como irracional tudo aquilo que não consegue alcançar com as próprias forças".
Falando sobre o primeiro volume de "Jesus de Nazaré", o teólogo pontifício emérito recordou que entre os exegetas nasceu uma fratura entre o "Cristo histórico" e o "Cristo da fé". E o Papa em seu livro aborda este problema. A base da fratura foi o método histórico-crítico que, como observou o purpurado, "levou a resultados preciosos, mas é necessário desconfiar daquelas "vidas de Jesus" que traem o método e nas quais aquele que escreve fala mais de si próprio que do Nazareno".
O cardeal Cottier expressou também suas reflexões particulares sobre a linguagem teológica do Papa escritor. "Aquilo que surpreende mais em Bento XVI é que ele permanece um homem feliz. O tema da alegria é muito presente, também em seus sermões, e tantos leitores se surpreenderam pela autenticidade e pela simplicidade das coisas ditas pelo Papa em "Luz do mundo". As pessoas se perguntam: 'mas é o mesmo homem do qual falam os jornais, a mesma pessoa que é transformada pela mídia em uma caricatura de mau gosto?' Em muitas páginas do livro se reconhece um Papa relaxado, confiante, que se exprime com liberdade sem esconder nada. Toma conhecimento sem censura da secularização e do relativismo que prevalecem na vida real de tantos. Diante disto, a sua serenidade não parece sustentar-se em algum achado, ou em alguma receita particular; reforça simplesmente que a manter acesa na Igreja a chama viva da fé está o próprio Jesus".
Biografia
O Card. Georges Cottier, da ordem dominicana, nasceu em 25 de abril de 1922 em Carouge (Genebra, Suíça). Foi ordenado sacerdote em 1951. Participou como Especialista no Concílio Vaticano II, primeiro como especialista particular de Monsenhor Charles de Provenchères, arcebispo de Aix-en-Provence, e na última sessão como especialista do Concílio, junto ao Cardeal Charles Journet.
Foi também consultor do Conselho para o Diálogo com os não-crentes, tendo participado de uma série de colóquios: Lubiana, Budapeste, Estrasburgo, Moscou. Em 1986, foi nomeado membro da Comissão Teológica Internacional e em 1989 tornou-se seu secretário. Em 1990, o Papa João Paulo II o nomeou Teólogo da Casa Pontifícia. Consultor da Congregação para a Doutrina da Fé e do Pontifício Conselho para a Cultura, o Cardeal Cottier é membro de numerosas instituições: da Pontifícia Academia das Ciências, da Pontifícia Academia de São Tomás de Aquino, da Pontifícia Academia de Teologia, do Instituto Internacional de Síntese da Sociedade Görres (Alemanha), da Fondation du Cardinale Journet (Friburgo).
Foi ainda membro do Cercle Jacques et Raïssa Maritain até 1990, e membro do Comitê para os Encontros Internacionais (Genebra). Além disso, ocupou o cargo de presidente da Comissão histórico-teológica instituída pelo Comitê Central do Grande Jubileu do Ano 2000. É Diretor da revista Nova et Vetera (Genebra), fundada pelo Cardeal Journet. Foi eleito para a Igreja titular de Tullia com o título pessoal de arcebispo no dia 7 de outubro de 2003, e consagrado em 20 de outubro. Desde o dia 1° de dezembro de 2005 é Teólogo emérito da Casa Pontifícia. Foi criado e publicado Cardeal por João Paulo II, no Consistório de 21 de outubro de 2003, Diácono dos Santos Domingos e Sisto.

(Gaudium Press)

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