Cidade do Vaticano, 11 jan (RV) - Viver todos os dias como se fosse uma etapa ao longo do caminho rumo à santidade. Aquilo que caracteriza a existência das grandes mulheres e dos grandes homens da história cristã é um objetivo possível para toda pessoa de fé: foi o que disse Bento XVI em várias ocasiões, e as suas palavras adquirem um particular relevo nestes dias em que – passadas as grandes celebrações do Natal – a Igreja, como também a sociedade em geral, se encontra imersa no ritmo da vida ordinária.
A grande cena no rio Jordão é do dia anterior. O desconhecido Nazareno mergulha-se na água para ser batizado. A surpresa de João Batista quando o vê, a voz que desce do céu e que todos os presentes ouvem, a pomba que pousa sobre o carpinteiro Galileu: são todos fatos extraordinários recentemente celebrados.
O dia seguinte é o dia do ordinário: cada um volta a seu trabalho, às coisas da sua vida. Também o Evangelho segundo João descreve "o dia seguinte" ao do Batismo. Jesus que passa, João que o indica a seus discípulos, e estes que se colocam a seguir o Mestre. Não é uma cena memorável como a do Jordão, aliás, em comparação é de uma normalidade quase irrelevante.
E, no entanto, ensina algo de precioso para aquele "depois" que se dá na vida de todos após um dia particular, ou um período especial após o qual é preciso retomar – talvez com certa nostalgia – as atividades de sempre.
Também a Igreja, entre um "evento" e outro de grande importância espiritual, faz algo análogo com o que em termos litúrgicos se chama de "Tempo Comum". Mas é um ordinário somente aparente, porque para um cristão normalidade jamais significa mesmice. Bento XVI explicou isso tempos atrás com as seguintes palavras:
"No domingo passado, no qual celebramos o Batismo do Senhor, teve início o tempo comum do ano litúrgico. A beleza desse tempo está no fato que nos convida a viver a nossa vida ordinária como um itinerário de santidade, ou seja, de fé e de amizade com Jesus, continuamente descoberto e redescoberto como Mestre e Senhor, Caminho, Verdade e Vida do homem." (Angelus, 15 janeiro de 2006)
Tempo comum igual tempo de santidade. Não se trata de um período sem sentido. Os dois discípulos que se colocam a seguir Jesus logo descobrem ter encontrado – como dirão – "o Messias", com tudo de extraordinário que isso significará. Mas o início de sua relação com Jesus parte com uma pergunta, também ela banal: "Mestre, onde moras?" e Jesus responde: "Vinde e vede". Pois bem, e mesmo nessa realidade ordinária encontra-se velada uma importante indicação – ressalta o Pontífice:
"A palavra de Deus convida-nos a retomar, no início de um novo ano, este caminho de fé jamais concluído. "Mestre, onde moras?", digamos também nós a Jesus e Ele nos responde: "Vinde e vede". Para o fiel é sempre uma incessante busca e uma nova descoberta, porque Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre; mas nós, o mundo, a história, jamais somos os mesmos, e Ele vem ao nosso encontro para dar-nos a sua comunhão e a plenitude de vida." (Angelus, 15 de janeiro de 2006)
Eis o cotidiano transformado – no coração de que tem fé – em exceção. A esse propósito, um dos sacerdotes santos da primeira metade do Séc. XX, Pe. Luigi Monza – beatificado em 2006 – afirmava: "A santidade não consiste em fazer coisas extraordinárias, mas em fazer extraordinariamente bem as coisas ordinárias". (RL)
(Rádio Vaticano)
Depois indicarei um livro excelente sobre esta temática da vivência da santidade no cotidiano. Aguardem...
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