"O justo é como árvore plantada à beira de águas correntes, perto da Fonte. Porque está plantado assim, ele dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que faz prospera. Ele é teimosamente abençoado por Deus. A olhos vistos".

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quarta-feira, 2 de março de 2011

«Jesus de Nazaré»: Traição continua na história da Igreja, diz Bento XVI

Lisboa, 02 Mar (Ecclesia) – O novo livro de Bento XVI, «Jesus de Nazaré. Da Entrada em Jerusalém até à Ressurreição», classifica o discípulo Judas como um “traidor”, afirmando que essa traição continua na história da Igreja.
“Com a traição de Judas, não terminou o sofrimento pela deslealdade”, escreve o Papa, para quem “a ruptura da amizade chega mesmo à comunidade sacramental da Igreja, onde há sempre de novo pessoas que partilham «o seu pão»” e atraiçoam Jesus.
Numa passagem deste segundo volume da obra de Joseph Ratzinger, que a Agência ECCLESIA divulga hoje, o actual Papa fala no «mistério do traidor» que antecedeu a morte de Cristo.
“Naquela hora, Jesus carregou a traição de todos os tempos, o sofrimento que deriva de ser atraiçoado em cada tempo, suportando assim até ao fundo a miséria da história”, observa.
“Quem rompe a amizade com Jesus, quem se recusa a carregar o seu «jugo suave» não chega à liberdade, não se torna livre, antes pelo contrário torna-se escravo de outras potências; ou mesmo: o facto de atraiçoar essa amizade já resulta da intervenção de outro poder, ao qual se abriu”, sublinha.
Partindo do Evangelho segundo João, Bento XVI diz que o “anúncio da traição suscita, compreensivelmente, agitação e, ao mesmo tempo, curiosidade entre os discípulos”, reunidos para a “Última Ceia”.
A intervenção de Jesus, diz o Papa, segue o seu “estilo característico”: “Com palavras da Escritura, alude ao seu destino, inserindo-o ao mesmo tempo na lógica de Deus, na lógica da história da salvação”.
“Jesus tem de experimentar a incompreensão, a infidelidade até no âmbito do círculo mais íntimo dos amigos e assim «cumprir a Escritura»”, acrescenta.
Neste ponto, Bento XVI centra a sua atenção em Judas Iscariotes, um dos doze discípulos, o qual, segundo os Evangelhos, traiu Jesus a troco de dinheiro, denunciando-o às autoridades judaicas.
“João não nos oferece nenhuma interpretação psicológica do comportamento de Judas; o único ponto de referência que nos dá é a alusão ao facto de que Judas, como tesoureiro do grupo dos discípulos, teria roubado o seu dinheiro”, refere o Papa.
Para o evangelista João, diz Bento XVI, “aquilo que aconteceu a Judas já não é explicável psicologicamente”.
O Papa cita outras passagens dos Evangelhos para indicar o discípulo se arrependeu do seu comportamento, mas voltou a errar por não “conseguir acreditar num perdão”.
Várias teorias sobre a acção deste discípulo têm surgido, ao longo da história, procurando ilibá-lo do seu comportamento ou mesmo inserir o seu gesto de traição no «plano» de Jesus.
Joseph Ratzinger opta por sublinhar as opções tomadas pelo discípulo e frisa a carga simbólica que teve a saída da sala onde decorria a ceia, observando que Judas “vai para fora num sentido mais profundo: entra na noite, vai-se embora da luz para a escuridão”.
“O «poder das trevas» apoderou-se dele”, conclui.
Em 2006, no Vaticano, o Papa falara da traição de Judas, afirmando que para este “só o poder e o sucesso são realidades, o amor não conta”.
A segunda parte da obra «Jesus de Nazaré» é lançada no Vaticano, a 10 de Março, e vai ser apresentada em várias dioceses de Portugal, a partir de dia 11.
O primeiro volume tinha sido publicado em 2007 e era dedicado à vida de Cristo (desde o Baptismo à Transfiguração) e uma terceira parte está a ser escrita por Bento XVI.

(Agência Ecclesia)

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